Pelo resgate das palavras

É muito triste constatar, nas redes sociais da net, o quanto as palavras estão perdendo significados, reduzidas a “lugares comuns” esvaziados de sentidos. Discursos são frequentemente proferidos, sem articulação que respalde algum nível de conhecimento ou compreensão do assunto que está sendo tratado. Em muitos casos, frases que expressam a opinião de leitores indignados são apenas xingamentos macabros, gritos de ódio que chocam aqueles que, como eu, apreciam e acreditam na força das palavras.
A civilização da qual fazemos parte há séculos, tem na
linguagem verbal e escrita seu fundamento principal, sua base “por excelência” no
tocante à comunicação, ao diálogo, à tecnologia, à cultura, pensamento,
sentimento e subjetividade. Não é possível imaginar um ser humano, em nossa sociedade,
privado de linguagem. No entanto, é absolutamente perceptível o empobrecimento geral
do repertório das palavras no uso da língua.
Em Reprodução, livro de ficção de Bernardo Carvalho, o autor
discute essas questões com propriedade. Seus personagens produzem monólogos
durante todo o texto, atestando o fracasso da comunicação pautada pelo diálogo.
São frases e frases que se repetem, desconsiderando a presença do outro e
tornando as relações impossíveis. Nem o leitor entende o que está acontecendo.
Será isso que estamos vivendo hoje? Com tantos meios de
comunicação à nossa disposição, não mais nos comunicamos? Será que estamos
perdendo algo precioso - palavras, língua, linguagem - que nos ensina a pensar,
a dialogar, a construir uma visão de mundo? E o que restará então, imagens e
balbucios, urros e gritos? No livro mencionado, restará apenas uma língua que
irá dominar o mundo, segundo o personagem principal: o mandarim.
De minha parte espero, sinceramente, que ainda haja tempo.
Acredito que ler um livro e conversar com alguém de forma a argumentar
reflexões - seja pessoalmente ou virtualmente -, é um ato de resistência criativa,
necessário à sobrevivência da civilização e da humanidade.
Olá
ResponderExcluirA correria,
os valores vazios,
o desaprender a amar,
tudo isso nos tira
o real sentido
das coisas que
nos dão sentido.
Cada dia, um sonho.
É o que desejo
aos que ocupam o meu coração.