Sexualidade, Gênero e Intolerância
Atualmente, uma das discussões importantes
que pauta a agenda educacional, midiática e clínica, diz respeito às
transexualidades e gêneros. Há tanta desinformação e preconceito que vale a
pena colocar em questão, sempre que possível, esse tema. Infelizmente muitos educadores,
agentes de saúde, políticos, religiosos e comunicadores contribuem com a
intolerância em relação à diversidade sexual.
Nós, psicólogos, temos uma ética
a ser seguida, de acordo com o sistema Conselhos de Psicologia. Algumas
informações e materiais interessantes podem ser acessados através do link http://www.crpsp.org.br/comissex/publicacoes.aspx.
Diariamente, pela mídia,
acompanhamos o fato de que pessoas são mortas ou violentadas, no mundo todo e
principalmente no Brasil, devido a sua orientação sexual ou a sua identidade de
gênero, caracterizando, portanto, crime de ódio. Como é possível isso ocorrer
em pleno século XXI?
Aprendemos a acreditar que a
história da humanidade segue uma linha contínua de evolução, porém se
analisarmos com sabedoria, não é o que constatamos. A história é descontínua,
há períodos de muita violência que se alternam a outros, mais lúcidos e
tolerantes. Hoje vivemos tempos de excessiva discriminação, convivendo em
permanente tensão com expressões inovadoras de identidade, de pensamento e de
posicionamento político existencial.
Os jovens e adolescentes, em
grande parte, se permitem experiências que parecem assustadoras para muitos adultos,
embora não se possa afirmar que tais experiências sejam exclusivas da juventude.
Desde os anos 60, contudo, em função dos movimentos feministas, as gerações
mais novas e as mulheres se encarregaram de propor rupturas aos padrões
heteronormativos da sociedade. Também por isso é que, no momento atual, a diversidade
se anuncia e se renova continuamente, mesmo com a hostilidade se ampliando no dia-a-dia.
Os próprios conceitos, nas
ciências médicas, humanas e sociais, encontram-se em revisão, diga-se de passagem. Será
que a identidade de uma pessoa precisa ser fixa e imutável? O fato de alguém
mudar de sexo ou de gênero significa possuir um transtorno mental? Por que a
homossexualidade ainda gera tanta perseguição?
A construção de uma sociedade
mais livre, diversa, justa e responsável depende da nossa disponibilidade e
capacidade para questionar a ordem heteronormativa, que nos instiga a ser
preconceituosos e rígidos com os modos de viver que não partilhamos, que
julgamos estranhos aos nossos. Podemos ser eternos em nossas próprias escolhas -
se é que isso é possível -, podemos tentar manter nossos valores
morais e religiosos a vida toda, mas não temos o direito de impedir a existência de outras
individualidades, outras formas de ser, diferentes das nossas.
E se o ódio por acaso nos invadir, não tenhamos medo nem vergonha, procuremos ajuda para que não nos tornemos seres desprezíveis.
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