A insanidade do poder: por um novo 7 de Setembro
As práticas de poder do ser humano remontam séculos, bem
sabemos. De uma ou de outra maneira, parece ser marca registrada de nossa
espécie usar e abusar de ações que visam dominar o outro, seja este quem for,
igual, diferente, racional, irracional. A ciência moderna e os filósofos da
Antiguidade sempre buscaram explicar as razões para esta necessidade tão imperiosa
que faz parte de todos nós, que por vezes nos consome e nos destrói.
Michel Foucault, um dos grandes pensadores franceses do século XX, produziu uma vasta obra sobre o assunto, discutindo o poder nas instituições, na sexualidade, na ciência e nas relações. Para ele, todas as nossas relações são relações de poder e as possíveis alternativas de desenvolvimento civilizatório situam-se dentro do próprio jogo de poder, no qual ocupamos os dois papéis, dominadores e dominados.
Michel Foucault, um dos grandes pensadores franceses do século XX, produziu uma vasta obra sobre o assunto, discutindo o poder nas instituições, na sexualidade, na ciência e nas relações. Para ele, todas as nossas relações são relações de poder e as possíveis alternativas de desenvolvimento civilizatório situam-se dentro do próprio jogo de poder, no qual ocupamos os dois papéis, dominadores e dominados.
Citar este
importante autor, ainda que de forma grosseira, tem o objetivo de fazer
compreender que a discussão sobre o poder não exclui ninguém, muito pelo
contrário, insere a todos. Se nos assustamos com os excessos dos políticos em
seus confortáveis gabinetes, precisamos nos perguntar o que estamos fazendo em
relação a isso. E parece que uma parte da população brasileira começou a fazer
esta pergunta de forma mais contundente, embora há muito tempo diversos grupos
vêm questionando abusos frequentes por parte de certas instituições e figuras
públicas.
É previsível que o nível de tensão aumente quando um determinado jogo de poder é colocado à prova, quando o grupo menos privilegiado, por exemplo, exercita formas de resistência ativa e direta em relação ao grupo mais privilegiado. Isto ocorre tanto nas relações entre os cidadãos e os políticos como entre pais e filhos, alunos e professores, amantes e casais. Com frequência é difícil identificar quem ocupa esta ou aquela posição, pois a trama do poder envolve muitos autores e muitas artimanhas, confusas, provisórias, em permanente movimento.
Neste momento singular da história do Brasil, que construímos o tempo todo mesmo sem perceber, estamos confrontando os políticos em seus constantes desvarios com o dinheiro público, com o favorecimento ilegal a empresas privadas e com a imoralidade. O confronto gera reações que vão desde o escárnio até as ameaças intimidadoras que se utilizam dos aparelhos repressivos da sociedade, tal como a polícia.
É previsível que o nível de tensão aumente quando um determinado jogo de poder é colocado à prova, quando o grupo menos privilegiado, por exemplo, exercita formas de resistência ativa e direta em relação ao grupo mais privilegiado. Isto ocorre tanto nas relações entre os cidadãos e os políticos como entre pais e filhos, alunos e professores, amantes e casais. Com frequência é difícil identificar quem ocupa esta ou aquela posição, pois a trama do poder envolve muitos autores e muitas artimanhas, confusas, provisórias, em permanente movimento.
Neste momento singular da história do Brasil, que construímos o tempo todo mesmo sem perceber, estamos confrontando os políticos em seus constantes desvarios com o dinheiro público, com o favorecimento ilegal a empresas privadas e com a imoralidade. O confronto gera reações que vão desde o escárnio até as ameaças intimidadoras que se utilizam dos aparelhos repressivos da sociedade, tal como a polícia.
Pois bem, o
poder toma ares de insanidade, a meu ver, quando não negocia novas trajetórias
para os atores envolvidos, mantendo a prepotência típica dos ditadores que aos
montes se fazem de bonzinhos pelo mundo. Encarnado nas entranhas destes que se
arrogam direitos que não possuem, o poder não enxerga, não ouve, não fala a
língua do outro e assim, cria ainda mais tensão, mais resistência. Vale lembrar que em muitas situações este poder arrogante também somos nós mesmos.
Apesar da dor, do medo e do cansaço, não desanimemos nesta data festiva e indignada do 7 de
setembro. Para além das manifestações, olhemos nos olhos uns dos outros e continuemos a tarefa de tentar criar outras relações, com poderes, para todos!
Adorei Andrea Raquel. Exatamente isso, olhemos nos olhos uns dos outros com solidariedade para que o poder seja para todos.bjs
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