Trânsito e espaço público

No dia-a-dia das cidades e dos noticiários, acompanhamos situações corriqueiras ou trágicas envolvendo a circulação pelo espaço público: ruas e calçadas, principalmente. Nelas podemos ser pedestres, motoristas ou passageiros. Independente de um destes papéis que ocupamos, sentimos e participamos do caos, impotentemente, como vítimas e vilões.

Embora existam leis para regular o trânsito e a movimentação pelo espaço público, sabemos que elas não são respeitadas. O que nos resta, muitas vezes, é o sentimento onipresente do medo: nas máquinas cada vez mais potentes há perigo, nos motoristas imprudentes e bêbados também, nos assaltantes ou mendigos, quem sabe!

Somos presas dessa modernidade sem direção, que inova constantemente a tecnologia, mas não é capaz de rever o próprio ser humano, suas condutas, necessidades e afetos. Creio que perdemos a noção do que seja viver em grupo e, mais precisamente, do que seja a convivência em um determinado espaço público.

É fácil constatar que nas ruas imperam as máquinas: as pessoas não existem em relação umas com as outras, só existem para si mesmas, na pressa de cumprir suas demandas e atropelando quem quer que esteja na frente. Eis a norma principal do mundo em que vivemos, cumprindo seu papel: o individualismo.

Muitos países mais desenvolvidos do que o Brasil vêm implantando políticas que privilegiam o transporte público, modificando quantitativa e qualitativamente a circulação das pessoas. Basta entrar na rede e conhecer os ônibus de algumas cidades da Europa: sentimo-nos injuriados, bem como tristes ao perceber que o comando de nosso país está tão atrasado... posto que avidamente comprometido com a indústria automobilística.

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