A polêmica das "palmadas educativas"

Dividindo opiniões entre especialistas, educadores e pais, a modificação no Estatuto da Criança e do Adolescente, proposta pelo governo federal, visa proteger as crianças daquilo que se convencionou chamar de “palmadas educativas”, incluindo beliscões e tapas leves.

Em função da tradição secular do sistema educacional, que impera na maior parte dos países e das culturas, é considerada natural a conduta de bater nos filhos com a finalidade de educá-los. Tal forma de educação só vem sendo questionada nas últimas décadas, com muita resistência. Mesmo países europeus, mais avançados do que o Brasil, permitem o castigo físico.

Obviamente, é fato constatado que torturas psicológicas, como humilhações, ofensas e xingamentos, diários ou ocasionais, podem ser tão destrutivos quanto a violência física de determinados lares. Mas não se trata, neste momento, de discutir o que é mais ou menos nocivo para o desenvolvimento de uma criança, se é o castigo físico ou emocional. Talvez seja importante tentar compreender como e porque esta questão mobiliza tanta polêmica.

Seria pela intervenção excessiva do Estado nas relações pais e filhos, como afirmam alguns profissionais? Precisamos realmente de novas leis para isso?
Seria pela falta de limites que percebemos nas crianças atualmente, o que leva muitos pais a concluírem que umas “boas palmadas” pode resolver, já que “antigamente resolvia”?
Ou também seria pela dificuldade que temos em criar novas alternativas de educação, mais fundamentadas no diálogo e no exemplo do que na força e na violência do adulto, preservando, porém, o lugar de autoridade que nos é designado?

A realidade do mundo contemporâneo não é a mesma que se configurava há algumas décadas, propondo-nos desafios cada vez maiores, dentre eles o de criar novas maneiras, mais saudáveis e dignas, para educar nossos filhos.
Particularmente, percebo e constato ser possível não utilizar castigos físicos nem chantagens na negociação diária que fazemos com nossos filhos, buscando uma disciplina adequada para a convivência. Muitos pais poderiam testemunhar esse feito, embora as recentes pesquisas feitas pelo Datafolha apontem que a maioria deles seja contra a nova lei. É que as dificuldades para se educar, com ou sem palmadas, permanecem iguais: tarefa complicada, a exigir tempo, paciência, disponibilidade, firmeza e reflexão.

Comentários

  1. Pois é,Andréa penso que educar leva a prcurar discernimento e equilíbrio, ainda mais nos dias atuais em que mudanças radicais no cerne da sociedade são vistas todos os dias. Ponderar e sempre que puder ler muito sobre o assunto. Ah! Aqui em Piracicaba existe a Escola de Pais, voluntários que estão sempre estudando para levar "círculos" para escolas, e outros lugares afins! A leitura feita sobre a educação dos filhos é levado com temáticas prá lá de interessante! Valeu!Abraços Poéticos Piracicabanos de Ana Marly de Oliveira Jacobino

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