Tito e os Pássaros: pureza e redenção
A animação nacional Tito e os Pássaros (2019) é surpreendente. Dirigida por Gustavo Steinberg e Gabriel Bitar, trata-se de uma narrativa para crianças que emociona jovens e adultos, promovendo uma importante reflexão. Tito é um menino inteligente, cujo pai cientista está construindo uma máquina para descobrir o segredo dos pássaros, a fim de curar os habitantes da cidade da "doença do medo". Essa doença é contagiosa e se espalha entre as pessoas, transformando-as em pedra. O filme me fez recordar o romance de Camus, A Peste, uma metáfora do nazismo ou do fascismo, se quisermos. Mas longe disso, a poética de Tito e os Pássaros, embora de caráter expressionista - portanto carregando tintas brutas e sombrias -, apresenta ao público possibilidades de redenção. Pássaros e crianças são símbolos de pureza e liberdade, enquanto pedras representam ausência de sentimentos e indiferença. Será que nós, nesses tempos pós modernos regados a ódio, já estamos acometidos da ...