Saúde Mental: uma reflexão necessária

Terminamos 2017 e iniciamos 2018 com muitos temas sendo debatidos nacionalmente. Um destes temas, de extrema importância, é o da saúde mental.
A primeira questão diz respeito às mudanças que o Ministério da Saúde e o Governo Federal estão impondo à sociedade brasileira, caracterizando amplo retrocesso na área, frente às conquistas que foram realizadas desde o início dos anos 2000, quando ocorreu a Reforma Psiquiátrica.

A Reforma Psiquiátrica teve o grande mérito de modificar a visão sobre o doente mental e, a partir disso, privilegiar o tratamento anti-manicomial, investindo em ambulatórios de saúde mental que promovem a integração do sujeito na sociedade, com atividades e medicação apropriadas. A internação é o último recurso a ser utilizado, posto que favorece a segregação e o isolamento.
Este modelo de atendimento em saúde mental tornou-se referência mundial, é recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e tem sido exportado para outros países. Por questões políticas, neste momento tal modelo encontra-se ameaçado e nós corremos o risco de retroceder décadas ou séculos na história, infelizmente.

O posicionamento do Conselho Federal de Psicologia pode ser visto através do link:


Com o intuito de ampliar a discussão sobre o assunto, gostaria de lembrar e recomendar a visita à Ocupação Nise da Silveira, que permanece até o dia 28/01 no Itaú Cultural de São Paulo. 
Nise da Silveira foi uma distinta e magnífica psiquiatra, investigadora da alma, precursora da abordagem junguiana no Brasil. Destacou-se no século XX pelo fato de ser mulher em ambiente masculino, como mostra a foto abaixo, registrando sua formatura em medicina no ano de 1926.


Felizmente o trabalho dela vem sendo cada vez mais reconhecido. Sua vasta obra orienta profissionais da saúde mental no caminho da liberdade e da arte, com a finalidade de cuidar dos pacientes que demandam atenção especializada, sem discriminá-los. Nise se insurgiu contra os absurdos da internação psiquiátrica e criou um método de atendimento focado no afeto, na expressão artística plástica e no contato com os animais.
Creio que se esta grande e admirável pessoa, mulher e profissional estivesse viva, teria a oportunidade, mais uma vez, de se rebelar contra retrocessos absurdos que estão ocorrendo no Brasil. Lutemos como ela lutou, criemos como ela criou!

Site da Ocupação:

Fotos da exposição, apresentando obras de arte dos pacientes de Nise da Silveira:




Para encerrar o texto, divulgo a belíssima Campanha Janeiro Branco, que estimula todos a refletirem sobre a própria saúde mental e priorizarem a qualidade das relações humanas, da afetividade e da alteridade. Vale a pena conhecer o site da Campanha:



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