Saudade: Mia Couto


"Os poemas de Mia Couto são, antes de tudo, reflexivos e filosóficos."
"Abordam o ser e a incompreensível dor de existir."
"Mia prefere se instalar naquele momento anterior ao fruto, no qual tudo o que temos é um conjunto indefinido, mas potente, de possibilidades."

José Castello - Apresentação: A palavra e a semente
Livro Mia Couto [poemas escolhidos]


Se a arte não pode mudar o destino do mundo (ou pode?), ao menos pode cultivar, ampliar, sensibilizar e alertar seus habitantes sobre o percurso a ser seguido durante a caminhada.
2017 se inicia e é preciso novas tentativas de nascimento, novos ensaios de amorosidade, novos olhares para o outro que supomos nos ameaçar (lembrando que esse exercício de renascer é um convite para todos os dias do ano, evidentemente). Por isso escolhi este fascinante escritor e poeta moçambicano, símbolo da alteridade possível entre continentes distintos. 
No livro citado estão reunidos vários de seus mais belos poemas, selecionados por ele mesmo. Todos têm a delicadeza de tocar nossa alma.


Saudade

Que saudade tenho de nascer.
Nostalgia de esperar por um nome
como quem volta 
à casa que nunca ninguém habitou.

Não precisas da vida, poeta.
Assim falava a avó.

Deus vive por nós, sentenciava.

E regressava às orações.

A casa voltava ao ventre do silêncio
e dava vontade de nascer.

Que saudade tenho de Deus.


Eu também! E você?

Comentários

  1. Olá, Andreia,
    Parabéns pelo post!
    No momento, não sei se tenho saudade de Deus, creio que algo falhou durante minha criação de vínculo. Será que é por isso que tento recriar e não consigo?
    Att.

    Eber

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