Dia dos Professores: devoção e civilização

Infelizmente neste 15 de outubro não há nada para se comemorar em relação ao Dia dos Professores. Enquanto categoria profissional, os professores e educadores de nosso país são cada vez mais menosprezados pelo sistema político dominante.

É fato comprovado, inclusive, que a quantidade de pessoas que abandonam a carreira de professor aumenta anualmente. Também o adoecimento, físico e psíquico, aponta para condições de trabalho insalubres, não apenas no ensino público como também na rede privada.

Ao mesmo tempo, há um número vasto de pesquisas na área de desenvolvimento infantil, corroborando a importância do professor na vida das crianças. Na educação infantil, o acolhimento e a afetividade importam sobremaneira; no ensino fundamental e principalmente no ensino médio, os valores e posicionamentos éticos dos professores são imprescindíveis para a formação dos adolescentes.

Por que, então, a remuneração e a valorização destes profissionais decresce a cada dia, desestimulando absolutamente jovens talentosos que poderiam se tornar excelentes educadores? Não tenho dúvida de que uma das hipóteses para responder esta questão, dentre outras, é a da ausência de relevância que o próprio ser humano dispõe atualmente. 

Explico: todo campo de atuação relacionado à prática de humanidades, incluindo grande parte da educação, sofre por não se adequar aos parâmetros mercadológicos que regem as relações de trabalho, a não ser que venham embalados em pacotes comerciais destinados a seduzir públicos cativos e obedientes (em psicoterapia vários exemplos podem ser fornecidos, tais como as técnicas de auto ajuda, sem qualquer fundamentação teórica, vendidas cotidianamente: técnicas para ser feliz, para ter sucesso, para encontrar um amor, etc). O objetivo destes pacotes não diz respeito à evolução da civilização nem do ser humano; não diz respeito à ampliação da sabedoria filosófica que busca resolver problemas como desigualdade social, ausência de uma ética solidária e valorização da vida. Precisamente, não se trata disso.

Os interesses de mercado a nortear o comportamento, os valores e as práticas humanas na contemporaneidade só têm uma finalidade: produzir e concentrar dinheiro a qualquer custo. Não importa que haja guerra, massacres, genocídios, fome, pobreza: a lógica predominante é bárbara, não civilizatória. Vidas e seres humanos ficam em segundo plano. Saúde, educação, dignidade, idem.

Este é um dos motivos pelos quais o professor não é devidamente reconhecido e enaltecido como deveria ser. E também é um dos motivos pelos quais nós devemos nos responsabilizar por valorizá-lo, consagrá-lo e abençoá-lo. A humanidade que se quer civilizada depende da devoção aos professores e educadores.


Portanto, Salve o Dia dos Professores!


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