2014: Da Despedida e Do Amanhã


Quando chega o fim de ano, normalmente estamos cansados e ansiosos por algumas semanas de férias. Participamos de confraternizações e encontros que muitas vezes não significam mais do que obrigações a cumprir. No entanto, podemos também ser tomados pelo encantamento ao participar de certos rituais que, ao contrário da mesmice, revelam e promovem a espontaneidade e a criatividade. Foi esta a minha experiência com a festa de formatura do 9° ano da Escola Cooperativa de Piracicaba (COOPEP), em dezembro/2014.

Imagino que todas as pessoas que estiveram presentes compartilham das mesmas percepções, pelo menos parcialmente. O que nós adultos, educadores e pais partilhamos com nossos adolescentes, nesse evento tão significativo, foi muito mais do que uma cerimônia oficial de encerramento do ensino fundamental.

Tivemos a oportunidade de apreciar e nos emocionar com a simplicidade, a arte e o choro belíssimo de despedida do grupo de formandos. Embora o protocolo em geral seja rígido nessas ocasiões, a emoção predominou e “deu o tom” inesquecível e singular a um evento que poderia ser apenas mais uma formalidade, concluindo o ano e o ciclo escolar. Não, não foi nada disso. Reafirmo portanto, minha costumeira tese de que, as vezes, os seres humanos são surpreendentes, tanto para o bem quanto para o mal.

No decorrer das homenagens para os educadores e para os pais, vozes embargadas e olhos vermelhos se apresentavam com imensa beleza nas faces de nossos estudantes que, ademais, também desvelaram seus próprios talentos musicais, de forma singela, doce e cativante, sem aquela artificialidade exibicionista tão ao gosto do mundo atual.

Alguém poderia pensar que uma despedida como essa, de intensidade ímpar, difunde a tristeza. Nada mais equivocado, pois a despedida, quando bem vivida, com toda a dor, o amor, a fragilidade e a felicidade que merece, nos fortalece para um novo amanhecer. Que venha a vida do amanhã, tão somente, para todos nós! 

Comentários

  1. Belo ! Momentos como esse me alivia e me faz pensar que a humanidade ainda busca por relações sensíveis. Viva !!

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