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Mostrando postagens de maio, 2014

Adolescência: pais e filhos

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Ao contrário do que imaginamos, a adolescência não é um momento tão agradável como estamos habituados a idealizar. Ser adolescente significa estar em permanente conflito com o mundo e consigo mesmo, experimentando sentimentos de vazio, tristeza, inadequação social e raiva.  Em geral, os adolescentes se sentem incompreendidos pelos pais e professores, frequentemente com razão. Os adultos dificilmente se dispõem a olhar o mundo com os olhos destas “criaturas errantes”, que um dia também já foram. Este exercício de trocar de papel poderia contribuir para que as relações fossem mais tranquilas e menos dolorosas, porém, não é o que ocorre. N a lida diária com famílias, percebemos o quanto é complicado conviver com as expectativas que cada um tem em relação ao outro. Espera-se dos filhos adolescentes, por exemplo, que se mantenham próximos dos adultos, que continuem a ter os mesmos comportamentos que tinham na infância. Para crescer, no entanto, os filhos se afastam de nós, formam g

Sonhos Roubados: ficção, realidade e poesia

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Para participar da discussão sobre a violência sexual infantil neste dia 18 de maio, data que marca a Campanha Nacional de Combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, o Conselho Regional de Psicologia de SP exibiu, em Piracicaba, o filme Sonhos Roubados, de Sandra Werneck (2009). Baseado no livro As Meninas da Esquina – Diários dos Sonhos, Dores e Aventuras de Seis Adolescentes do Brasil, da jornalista Eliane Trindade, o filme nos aproxima da realidade vivida por famílias e jovens que moram na periferia das grandes cidades. Através de uma linguagem delicada e poética, a diretora nos propõe acompanhar especialmente o drama de três amigas adolescentes, que começam a se prostituir. Descobrindo a própria sexualidade, numa sociedade que valoriza excessivamente o corpo, elas encontram um caminho de sobrevivência e “apoderamento” na prostituição, com muito preconceito e sofrimento. Não há espaço, porém, para severos julgamentos moralistas neste belíssimo filme, poi

Dia das Mães com o Filme Pais e Filhos

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Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2013, o filme japonês Pais e Filhos, de Hirokazu Kore-Eda, delicadamente nos propõe acompanhar o drama de duas famílias que têm seus filhos trocados na maternidade. Quando as crianças estão com aproximadamente seis anos é que os pais são comunicados deste erro que, a princípio, anuncia-se como uma tragédia. Será? O filme pode ser considerado um testemunho sobre o quanto a maternidade e a paternidade são construções relacionais, independente da consanguinidade. Se nosso sangue corresponde ou não ao sangue de nossos pais biológicos, assim como nossa genética, isso nada tem a ver com maternidade e paternidade. Pai e mãe definitivamente são aqueles que se responsabilizam pelos cuidados de uma criança, seja esta filho biológico, adotado, parente próximo ou distante. Obviamente, o que importa na relação pais e filhos é a articulação dos papéis: os pais têm a função primordial de prover cuidados para seus filhos, tanto afetivos quant