Euforia e depressão

Infelizmente o silêncio não é mais considerado um valor positivo em nosso meio urbano, tão caótico e poluído. Com os jogos de futebol das últimas semanas, além dos ruídos constantes aos quais já nos acostumamos, fomos também obrigados a tentar adaptar nossos ouvidos e nosso humor à euforia dos torcedores.

Euforia, aliás, é a palavra de ordem na sociedade de consumo em que vivemos. Nada contra festas, comemorações, shows e esportes. O problema é o quanto isto tudo vem sendo incentivado e vivido excessivamente: há muita euforia em todos os lugares, nos shoppings, nas compras e nos mercados, nos encontros e nas relações entre as pessoas.

Em contrapartida, como seria de se esperar, há também muita depressão, evidentemente. Os casos de depressão não cessam de crescer ao redor do mundo, acompanhados inclusive do aumento do número de suicídios, principalmente entre jovens.

Euforia e depressão podem ser vistos como sintomas complementares de uma mesma doença, um mesmo mal estar: o sofrimento de todos nós ao tentar preencher, quem sabe, o vazio da ausência de afetos, ausência de trocas emocionais significativas, ausência de um bate papo descompromissado com amigos verdadeiros.

Apelamos, muitas vezes sem perceber, para algo mágico, pré fabricado, como uma "falsa alegria" vestida de carros Zero Km, bebidas e drogas sintéticas, muito barulho e torcida - enfim, a própria euforia. Mas como somos humanos, tão somente, acabamos por nos deprimir quando nos damos conta de que o jogo acaba, a festa também e o carro nem sempre é tudo o que desejamos...

Como seria bom um pouco de silêncio, dentro e fora de nós!

Comentários

  1. Andrea
    Que texto maravilhoso! Construtivo, verdadeiro. Gostei muito da sua visão humanista sobre esse problema social que afeta a todos. Um abraço!

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