Juventude e Violência: uma reflexão

Preocupante as últimas pesquisas feitas em diversos países - incluindo o Brasil -, revelando o crescente número de mortes de jovens, especialmente do sexo masculino, devido à violência.

Meninos de aproximadamente 14 a 24 anos estão mais expostos aos acidentes de trânsito e aos crimes, bem como aos suicídios em países asiáticos e europeus. Esses dados não são totalmente novos, mas solicitam nossa atenção ao retratar uma juventude absolutamente vulnerável.

Em geral, ser jovem está associado à beleza e à glória. Também estaria associado à morte, à guerra, à orfandade de pais e mães em todo o mundo? Esse cenário é algo inexorável, quase como a idéia de destino?

Muitas reflexões seriam possíveis a partir de questões tão amplas e complexas. Uma delas, arrisco-me a propor, relaciona-se ao fato dos adultos não aceitarem mais o próprio envelhecimento e, desse modo, sem perceber, estarem perdendo a capacidade de cuidar adequadamente da geração seguinte.

O excesso de mortes na adolescência, entre outras coisas, projeta luz sobre aquilo que relutamos encarar: não estamos cuidando bem de nossos filhos, pois pouco nos preocupamos com a preservação da vida em sociedade. Valores dessa magnitude estão ultrapassados.

Preferimos cuidar de nosso corpo a fim de preservá-lo “sempre jovem”; preferimos trocar o carro com freqüência, por outros mais potentes; preferimos as festas, o carnaval ou o futebol regado a muita bebida; escolhemos o dinheiro como premiação máxima de tudo o que realizamos. Quem dirá que, assim, também não somos jovens?
E eles, os nossos jovens, quem deles se “encarrega”? Se estamos tão ocupados com a nossa “máxima performance”, o que lhes resta? Um modelo pautado na permissividade, sem distinção de papéis, “par a par” como “entre amigos”?

Não há segurança possível nesse vínculo. Os jovens precisam de adultos que, até por serem mais velhos e se assumirem como tal, aprendam a se colocar como autoridade.

O que isso tem a ver com violência? Basta olhar as ruas e avenidas de nossas cidades: jovens e adultos disputam o mesmo espaço público, para ver quem "voa" mais rápido ao passar pelo sinal amarelo/vermelho...

Comentários

  1. Vim agradecer o teu carinho por lá e vejo esse tema tão importante aqui tratado...


    Uma pena o que temos visto ultimamente... Mas, não podemos perder as esperanças e cada um de nós pode um pouco...

    beijos, linda Páscoa pra ti e prazer em te conhecer! chica

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  2. Uma verdade nua e crua. Recordo na minha adolescência a perda de dois amigos e irmãos (da nossa classe do ginásio), pela imprudência de um motorista bebâdo. Ficamos consternados, pois ouviamos falar das mortes de jovens nas guerras, então, muito assustadas com o fato, eu e a mana Marisa fomos ao velório e depois à casa da família ficar com os outros 8 irmãos dos nossos amigos mortos, e, com os seus pais (o pai de tristeza morreu dois anos depois), que ficaram adoentados com a dupla perda. Um dos nossos professores sempre nos alertava: "o jovem pensa que é forte e imortal, mas, ele não é um Deus ele é humano e também morre!" Muito bom a sua crônica li e reli para tirar as minúcias. Penso quee com a desustruração da família como um núcleo circular a transformou em "egocêntrica", isto é, um salve-se quem puder, deste modo os mais jovens ficaram a mercê do mundo repleto de contradições e perigos! Carissima Andreia; que bom que você apareceu lá na Agenda Cultural Piracicabana e deixou um comentário. Obrigada. Abraços desta CaipiracicabANA Marly de Oliviera Jacobino

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  3. Para você Andrea e todos os seus leitores:
    "A Semana Santa está nas nossas raízes desde a colonização e marca a história de cada um, com a vida e a morte de umhomem há mais de dois milênios! Seu nome: "Cristo"!" Feliz Páscoa .Desta CaipiracicabAna Marly de Oliveira Jacobino

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  4. Antes de mais nada, parabéns pelo belíssimo espaço e dedicação a um tema tão polêmico,Jovens e adolescentes.Vim conhecer o teu espaço...Muito interessante falar sobre adolescência.Nem é preciso ser pedagoga, nem psicóloga, para entender que a maioria dos jovens no mundo de hoje, estão cada vez mais rebeldes e donos de si.(Não tenho manual, nem bula,nem bola de cristal, só experiência) Uma parte é culpa do estatuto da criança e do adolescente que está precisando reaver as leis do direito e também do dever. Muito mal interpretada. Hoje uma criança acha um absurdo fazer tarefas domésticas, ou seja,como molhar as plantas, cuidar do seu próprio quarto. Molhar um jardim não tira pedaço de ninguém,porque ele sabe que tem uma lei que protege, acaba levando uma vida de "malandragem" imigrando para o mundo da mídia.
    Hoje se terceiriza tudo,principalmente disciplinas: cursos, educação, religião,esportes... Quando os pais podem pagar, tirando o bem maior, a responsabilidade de impor limites,O princípio de tudo,isto criança e adolescente não conhecem. Educar com amor, atenção e limites, direciona o jovem para guardar consigo os valores morais. Está bem claro para muitos, estão fora de moda."Faça todos os gostos do seu filho, não ponha limites e verás o monstro que criaste". Abraços Dora Duarte.

    28 de abril de 2011 16:28

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