Para uma nova infância

No contexto atual em que vivemos, da máxima performance, que conjuga produtividade/competitividade, a infância é vista apenas como uma fase a ser vivida rapidamente, uma etapa para chegar adiante, um projeto de futuro que deve caminhar em direção a algo, para algo, satisfazendo anseios e expectativas relacionadas ao universo adulto.

Infelizmente essa concepção de infância, aprisionadora, domina toda a sociedade e as instituições que cuidam das crianças, embora diversos estudiosos nos proponham outros olhares.

Um destes olhares, possível e distinto, concebe a infância como criação e espontaneidade, jogo, faz-de-conta, poesia em qualquer tempo, em qualquer espaço.
As crianças, nessa concepção, são compreendidas como sujeitos, protagonistas do mundo, em condições de falar a si mesmas e aos outros sobre o nascer contínuo, sobre o possível indeterminado das relações e dos afetos, sobre o que ainda não existe e o que existe mas poderia existir de outra maneira. Aqui as crianças são, enfim, existência pura, potencialidade em ação, encontro e processo vital.

Quem dera pudéssemos acolhê-las dessa maneira!
Mas ao contrário, quão custoso é, para todos nós, ser criança com nossas crianças nesta outra infância... Perder o controle e brincar, viver um momento de suspensão do real, junto, sem saber o final da história e aprendendo apenas a existir.

Comentários

  1. Andrea, gosto de passar por aqui e ler os seus textos direcionados a projetos infantis. Gostaria, se possível, que você me incluísse na sua lista para que eu possa receber as suas postagem, mantendo-me atualizada sobre o seu trabalho, que julgo de extrema importância.

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