Reflexões sobre o bullying

Um dos temas mais discutidos em nossa sociedade, atualmente, diz respeito à prática de intimidação e perseguição realizada por um grupo de pessoas, contra uma outra pessoa, em geral sozinha e indefesa. Há uma série de estudos desenvolvidos pelo mundo todo acerca do que tem sido denominado o "fenômeno bullying".

Muito interessante perceber que o tal "fenômeno" vem ganhando repercussão na medida em que envolve diretamente a convivência escolar das crianças e adolescentes. Afirma-se que sua maior freqüência ocorre entre os meninos de 11 a 15 anos, não desprezando uma alta incidência entre as meninas também. São situações típicas e comuns, nas quais as humilhações, sutis, são encaradas como brincadeiras e não como agressões.

Apelidos, fofocas, e-mails, fotos em celulares e até violência física são formas de praticar o bullying, gerando constrangimento, vergonha, culpa e medo na vítima, uma pessoa como outra qualquer, que é considerada diferente pelos seus agressores. Seja pelo tom da voz, seja por uma característica física, seja pelas roupas usadas, por um alto ou baixo rendimento escolar, determinados adolescentes são de fato perseguidos por grupos de colegas na convivência diária.

No entanto, esta situação vem sendo apresentada equivocadamente como uma questão da infância e da juventude, quando na realidade é somente um espelho do mundo adulto, da intolerância que temos uns com os outros, da ausência de compreensão e respeito entre nós, da feroz competitividade com a qual nos armamos nos dias de hoje. Basta observarmos, por exemplo, uma festa em que se reúnem grupos de homens e mulheres: sobre o que eles falam e de que maneira? Como os homens, especialmente, costumam se comunicar? Será que nossas crianças não estão testemunhando e apreendendo as "brincadeiras" entre os adultos, por vezes carregadas de preconceitos?

É evidente que chamar a atenção para o bullying tem diversos méritos, dentre eles a possibilidade de começar a entender alguns dos motivos que podem levar uma criança a não querer ir à escola. Muitos meninos adolescentes, rotulados de homossexuais, da rede pública e privada de ensino, abandonam os estudos porque são perseguidos e sofrem, desenvolvendo fobias e outras síndromes. Pois bem, uma nova concepção se anuncia, de que todos são responsáveis pela evasão destes estudantes, não apenas eles mesmos ou seus próprios pais, como é de praxe avaliar.

Comentários

  1. Pois é, vejo a importãncia do professor e dos profissionais da área pedagógica, em estado de alerta para o problema. Lembro que eu sofri muito por ser magra, os apelidos rodavam em minha cabeça nos gritos dos coleguinhas.Por isso, ficava atenta com os meus alunos.

    Abraços Poéticos Piracicbanos
    Ana marly de Oliveira Jacobino

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  2. Olá Andrea, tudo bem?
    Agora entendi o que quis dizer com o termo "estigmatizado" para se referir ao bullying. Sempre achei o assunto interessante, mas acho que algumas pessoas o tratam com certo radicalismo.
    No entanto, continuo a repetir minha pergunta: vários especialistas apontam "alternativas" para a vítima. Mas e os chamados bullyes? Como recuperá-los? Esta resposta ainda está difícil de encontrar!

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  3. Oi Andrea,

    Na minha epoca na educação infantil gostava de "voar" e recebi um apelido "alado" da propria professora, pode?

    Pra mim a sua frase revela os verdadeiros bullies: "Será que nossas crianças não estão testemunhando e apreendendo as "brincadeiras" entre os adultos, por vezes carregadas de preconceitos?"

    De tanto voar, brincar e estudar o voar e o brincar virei escritor... Qdo quiser, sobrevoe o www.contarhistorias.com.br e me conte tb suas impressoes!

    La no blog vc vai encontrar um novo projeto de uma parceria IPA- United Way (vc ja postou sobre a formação de "agentes do brincar" deste parceiros...) q dessa vez se chama ABC: Aprender, Brincar, Cuidar... (onde a gente reforça como vc a importancia de "recriar vinculos")...

    Ah, e qdo quiser postar algo sobre psicologia-historias-recriacao de vinculos ou outro tema correlato em meu blog sera super bem vinda!

    Abs,
    Fabio

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