Drogas: para o bem ou para o mal?

Para refletir com seriedade sobre os problemas que envolvem a temática das Drogas, é preciso redimensionar a principal questão: de quais drogas estamos falando e para que elas estão sendo utilizadas.

Matéria da revista Super Interessante deste mês, A Pílula da Inteligência - A nova geração de drogas pode dar superpoderes ao cérebro, será que devemos tomá-las? - reafirma deliberadamente o paradigma da medicalização de nossa sociedade, apoiada por diversas indústrias farmacêuticas ( o site do fórum sobre o artigo exibe links de seus patrocinadores, é só clicar http://super.abril.com.br/forum/204670_assunto.shtml para conferir)

Do mesmo modo que a indústria da beleza prosperou, sinaliza prosperidade também a farmacêutica do cérebro, vendendo ilusões e milagres grosseiros, sem qualquer ética ou pudor. Médicos neurologistas sérios não cansam de proclamar: medicar sim, medicalizar não. Qual a diferença entre as duas práticas?

Medicar significa utilizar uma droga com finalidades terapêuticas, pautada em condutas criteriosamente definidas. Medicalizar ou patologizar implica em abordar todos os problemas humanos pela ótica da doença, mesmo que não sejam, o que, por conseqüência, vem propiciando uma certa banalização de diagnósticos e indicações terapêuticas medicamentosas.

Para qualquer que seja a angústia ou o medo ou a dor, há algum remédio-droga no mercado. Como se essas drogas autorizadas não tivessem o potencial de vício que as drogas ilícitas têm...
As drogas produzidas pela indústrias farmacêuticas podem trazer tanto prejuízo quanto as drogas dos traficantes, todos sabemos disso. O problema, como o compreendo, é aceitarmos com poucos questionamentos aquilo que as drogas em geral vendem, pílulas da super inteligência, pílulas da felicidade ou da super potência: como o próprio nome diz, através das drogas teremos o prazer sem fim, o sucesso sem custo e, com certeza, a vida sem alma.
Será? Pra que?

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