Adolescência: partilhando a solidão


É preciso olhar com mais cuidado para nossos adolescentes.
Temos muitas informações sobre adolescência: uma fase de mudanças, de novas referências, de grupalização, de enfrentamento e timidez ao mesmo tempo, de encantamento com a sexualidade, de desejos e frustrações intensas. Apesar disso - ou até por isso -, não sabemos como lidar, como escutar ou mesmo falar com os adolescentes.
É urgente a necessidade de se criar canais de comunicação, incentivando os adolescentes a dizerem como vêem o mundo e o que dele esperam, como sentem a vida e o que pensam do futuro, como vivenciam as relações de amizade e de paixão.
Através de diversos tipos de grupos, seja na escola, na academia, na balada ou em família, os adolescentes criam uma forma própria de se comunicar, que não prescinde, no entanto, da atenção e do acompanhamento dos adultos. Podemos e devemos tentar compreendê-los, mantendo-nos perto e longe, firmes e afetivos, fortes e frágeis.
Muitas vezes cobramos dos adolescentes posturas mais maduras diante dos problemas que a vida traz, mas não oferecemos recursos suficientes para que eles aprendam ou se disponham a enfrentar as dificuldades.
Optamos, nem sempre conscientemente, pela solidão, que pode muito bem ser saudável em determinados momentos, mas que torna-se motivo de grande angústia quando impede constantemente o compartilhar. Cada um em um quarto, cada qual no seu mundo.
Estar junto, partilhar as dores e sofrimentos, as alegrias e as vitórias, com palavras ou em silêncio, com gestos e olhares, com dúvidas, medo e vergonha ( muita vergonha! ), é ainda um caminho possível, uma trilha de pedras e cacos que pede nossa presença, paciência e amor.

Comentários

  1. Muito bacana o artigo! Para quem convive com os adolescentes precisamos mesmo de artigos como o seu para orientação!Obrigada por compartilhar!

    ResponderExcluir
  2. Caríssima Andreia: como sempre você escreveu com sabedoria, sempre digo que devemos nos lembrar da nossa adolescência antes de conversarmos com os nossos adolescentes (lógico que o contexto histórico é outro), pois ajuda muito.

    Abraços Poéticos

    Ana Marly de Oliveira Jacobino

    ResponderExcluir
  3. Andrea. Estou distante da minha família 160 km, mas tem uma adolescente que não tira minha cabeça de lá. Minha irmã, de 15 anos.

    Daqui, da forma como posso, tento entendê-la, respeitá-la, aconselhá-la e até dar as "chamadas" de irmão. Mas tento ser + amigo.

    Nos tempos que restam, dou uma bisbilhotada também para ver se ela não está aprontando demais (afinal Twitter e Orkut ajudam bastante nestas horas).

    Parabéns pela programação no mes das crianças! Estou em férias, mas se permitir, vou encaminhar um email no jornal sugerindo a pauta. Me responda!

    Bjos!

    ResponderExcluir
  4. Olá!

    Fato é que fomos adolescentes um dia, porém, quando amadurecemos esquecemos o que é ser adolescente. A busca pela identidade pode ser muito dolorosa, este processo de desconstrução e reconstrução exige muito e pode refletir por toda a vida. Não é mais criança, mas também não é adulto. Alguns pais não entendem e por isso se afastam justamente no momento em que sua presença e amizade são tão necessárias.
    É preciso que todos percebam a importância de uma boa referência, principalmente, para os adolescentes.
    Contudo, estar atentos às manifestações de doença, aos hábitos de vida, á situação emocional é imprescindível.

    Parabéns pelo trabalho.

    http://Clecilene.blogspot.com

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Filme A Onda: Democracia x Autocracia

Experimento de Milgram, banalidade do mal e consciência

O Desafio da Convivência Familiar

Natal: a infância como um outro