Morte, Perda e Dor

Atualmente, através dos meios de comunicação, acompanhamos diversas discussões sobre como é possível prolongar a vida humana na Terra. Muitos recursos financeiros são investidos em pesquisas científicas, criando tecnologias que possibilitam o aumento da expectativa de vida.
É fato que estamos interessados em viver mais e melhor, mas não podemos nos esquecer de nossa mortalidade, ou seja, somos seres mortais cuja condição existencial de vida é a própria morte.
Falar sobre isso é ainda muito difícil, apesar das constantes notícias sobre guerras, homicídios, acidentes, doenças e outras formas de morrer.
Todos nós vivemos experiências de morte, sejam elas reais ou simbólicas. Muitas vezes nos separamos, por algum motivo, de alguém que gostamos; nossos filhos, ao crescerem, vão embora e sentimos uma grande perda. Planejamos trabalhos que nem sempre conseguimos realizar e acabamos fazendo outras coisas.
Em todas essas situações há um sentimento de morte presente, pois algo foi perdido e, evidentemente, algo pode ter sido conquistado também.
Quando uma morte real ocorre, quando perdemos alguém que amamos muito, o sofrimento é muito mais intenso. O vínculo com o outro é rompido definitivamente e isso é, de todo modo, assustador, pois demasiadamente doloroso.
A dor pela perda de um ente querido é tão insuportável que, pelo menos em nossa cultura ocidental, somos incentivados a não pensar no assunto, a “esquecer” o sofrimento e “viver o presente”, conselhos que, na maior parte das vezes, não contribuem com o processo de luto.
Enfrentar a morte não é negar a dor que ela nos traz, muito pelo contrário, é aceitar essa dor, é poder falar sobre ela, senti-la, acolhê-la, ficar deprimido ou revoltado, chorar, angustiar-se e entristecer-se.
Dessa maneira conseguiremos encontrar novas possibilidades para organizar nossa vida afetiva emocional, adaptando-nos a uma realidade que não escolhemos: o fato imutável e inexorável da morte, parte integrante da vida.

Andrea R. Martins Corrêa

Comentários

  1. Essa publicação muito nos ajuda no momento em que vemos Amigos que amamos sofrer duas perdas tão doloridas em uma semana na mesma família.

    Chuva fina, fria
    Asperge a terra
    Ilude a alma
    Nasce a alegria.
    O dia vira noite!
    À luz da morte
    Na noticia!
    A dor rompe
    Devora.
    A sanidade
    Desequilibra.
    O canário
    Amigo
    Cantante
    Desfalece
    Morre!
    Descubro
    O choro.
    Descubro
    O riso.
    A vida
    Ilusão!
    A morte
    Ilusão!
    Morte e vida
    Canto imortal
    Irmãs gêmeas!

    AO DRº ERNESTO PATERNIANI, cientista da genética da ESALQ_ Piracicaba(SÉTIMO DIA DO SEU FALECIMENTO) E A SUA FILHA MARIA LÍDIA PATERNIANI (FALECIDA NO DIA DE HOJE A BORDO DO AVIÃO REGRESSANDO DA ITÁLIA PARA OS BRAÇOS DA SUA MÃE E DA SUA FAMÍLIA)

    Ana Marly de Oliveira Jacobino

    ResponderExcluir
  2. Compartilho desse sentimento com algumas palavras, para uma grande amiga que perdeu seus familiares e para meu querido pai, que também morreu recentemente.

    Sentir o não palpável
    Tocar o inexplicáve...
    Não há o que dizer
    Há pouco a oferecer.
    Olhos que se fecham
    Mãos que ainda se tocam.
    Muita dor apenas, dor inexprimível.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Filme A Onda: Democracia x Autocracia

Experimento de Milgram, banalidade do mal e consciência

O Desafio da Convivência Familiar

Natal: a infância como um outro