Homens e Mulheres: o encontro possível

Apesar de ainda existirem muitos preconceitos relativos aos papéis masculinos e femininos, atualmente ambos os sexos desempenham funções muito semelhantes na sociedade: trabalham fora, responsabilizam-se conjuntamente pela educação dos filhos e são sexualmente ativos. Tradicionalmente, porém, quando um homem expressa seus sentimentos é taxado de homossexual. Já as mulheres, mesmo trabalhando fora, ganham salários menores do que os homens, pois “foram feitas para a maternidade”. Não necessitam, assim, da inteligência: são “pura sensibilidade e intuição”.

Mesmo considerando a permanência desses estereótipos no imaginário brasileiro, tanto os homens quanto as mulheres estão buscando novos caminhos para as relações entre si. Ambos são frágeis, mesmo que não admitam.


É nesta capacidade de reconhecer que somos todos frágeis, enquanto seres humanos, que reside a possibilidade do encontro.

Admitir e assumir as próprias carências e necessidades afetivas, buscando nisso a conexão com o outro para, assim, falar uma mesma linguagem, que comunique os valores realmente importantes, as semelhantes ou diferentes angústias, as difíceis e pequenas batalhas do dia-a-dia: tal é a trilha que, seguida em comum, pode efetivamente criar relações amorosas mais dignas e saudáveis.

A partir da compreensão que um pode ter do outro como ser humano que sente, que sofre, que ama e odeia, que inveja, mata ou se alegra, se inspira, se arrepende, nem se entende como gente... é deste ponto enfim, obscuro no seu limite, que a vivência de uma relação que se busca amorosa pode ser transformadora, apontando para a criação de uma vida em comum que tenha sentido e valha a pena.


Mais do que a cena da miséria afetiva de um casal, onde ambos se humilham e se atacam, se agridem e se ferem, a cena mais temida pelo ser humano pode ser a cena da paz: proibida, conquanto desconhecida, sabemos bem, por todos os sistemas, todos os valores e toda a história.
Quase sem registro essa relação que revela, que acolhe, que abarca, que aconchega e se identifica na dor e na felicidade do ser frágil, por vezes abandonado. Essa, talvez, a tão temida relação de amor, onde não cabem mais mentiras e proibições.
É então uma relação de corpos e almas nus, inteiros, entregues um ao outro dentro deste micro universo terrestre.

Andrea R. Martins Corrêa

Comentários

  1. Putz, este foi forte. E ainda li - coincidentemente - depois de uma discussão de relacionamento em que vários pontos são abordados em sua abordagem estiveram presentes.
    Coisas da vida.
    O que precisamos saber sempre é que existem dois seres humanos, como vc diz, que sofrem, que sentem...
    Bjos e boa semana!

    ResponderExcluir
  2. Putz, este foi forte. E ainda li - coincidentemente - depois de uma discussão de relacionamento em que vários pontos abordados por vc estiveram presentes.
    Coisas da vida.
    O que precisamos saber sempre é que existem dois seres humanos, como vc diz, que sofrem, que sentem...
    Bjos e boa semana!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Filme A Onda: Democracia x Autocracia

Experimento de Milgram, banalidade do mal e consciência

O Desafio da Convivência Familiar

Natal: a infância como um outro